segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O menino do pijama listrado POR JÚLIA


Obra: O menino do pijama listrado
Autor: John Boyne
Editora: Cia. Das Letras
N° de páginas: 168 páginas

Um livro com o título “O menino do pijama listrado” pode tratar de várias coisas, mas ao ler essas palavras pela primeira vez, o verdadeiro tema do livro nem me passou pela cabeça.

Bruno é um menino de oito anos que vive em Berlim com sua mãe, sempre amável, seu pai, de quem ele tem muito orgulho por ser um soldado, e sua irmã mais velha, Gretel, conhecida por ele como “caso perdido”, simplesmente por ser mais velha. Bruno e sua família têm que deixar a cidade quando o pai é promovido e se mudam para uma área no campo, um lugar não muito agradável, principalmente porque a vista do quarto de Bruno, de acordo com ele, é horrível, pois tem visão para uma “fazenda” onde diversas pessoas trabalham usando pijama listrado o dia todo, já o quarto de sua irmã tem vista para o belo quintal dos fundos, onde existe um banco no qual está escrito “Entregue por ocasião da inauguração do Campo de Haja Vista”. Uma história boba até aí, se o pai de Bruno não fosse um soldado nazista, se eles não tivessem se mudado de Berlim por causa dos bombardeios que logo começariam, se os “fazendeiros” fossem mesmo fazendeiros e se Haja Vista não fosse, na verdade, o Campo de Auschwitz. 

Como eu disse, o título nos dá diversas possibilidades de histórias, mas imaginando uma história infantil e fantasiosa, encontrei a Segunda Guerra Mundial. 

O holocausto é um assunto que já foi explorado de diversas formas por autores de livros e filmes, mas John Boyne conseguiu encontrar um meio que não fala apenas sobre guerra ou crueldades, mas também de uma família e de amizade. O modo doce e ingênuo como Bruno narra o livro nos faz pensar o quanto queríamos que as coisas realmente tivessem sido como o menino achava que eram. Surge, através de uma cerca, uma amizade pura e verdadeira, a amizade entre o filho de um soldado nazista e um judeu. Afinal, para Bruno a nova casa não tinha muitas distrações, então ele resolve explorar a região e encontra Shmuel, o menino que dá nome ao livro. Com encontros constantes e separados pela cerca, nenhum dos garotos percebe o que realmente acontece, Shmuel apenas sabe que foi separado de sua mãe e aos poucos vê seu avó e, posteriormente, seu pai desaparecerem. Bruno não entende porque o homem que descasca verduras, depois de derramar vinho em um soldado convidado de seu pai, nunca mais volta para cumprir suas tarefas, ou porque sua mãe toma cada vez mais remédios, ele simplesmente tem um amigo do outro lado da cerca, só isso.  

O filme com o mesmo nome baseado no romance de John Boyne é fascinante, e completa cada lacuna do livro, passando para nós cada sensação que não foi possível sentir no manuscrito, afinal com o garoto que não sabe o que acontece narrando, o leitor acaba não entendendo alguns pontos também, esses, que são explicados pelo filme. Particularmente, me impressionei com a atuação da mãe de Bruno no filme, uma personagem que não me chamou atenção no livro, mas que, com uma interpretação excelente, mostrou como a mulher de um soldado se sentia ao descobrir aos poucos, o que praticamente ninguém sabia, os campos não eram de concentração, eram de extermínio e a fumaça mal cheirosa que saía das chaminés às vezes, não era lixo, melhor dizendo, para os nazista era. 

O livro atendeu todas as minhas expectativas e o final me entristeceu, mas sei que aquele desfecho foi preciso, foi a mais justa e ao mesmo tempo ridícula das soluções, a soma da ingenuidade de Bruno e de Shmuel com a crueldade nazista. Assim termino essa resenha com um pensamento de Bruno, tão casual, mas tão verdadeiro: “Qual era a diferença exatamente?, ele se perguntou. E quem decidia quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?”


4 comentários:

  1. Ju,

    Um livro com esse título e essa capa provavelmente nunca me chamaria atenção, mas lendo sua resenha deu até vontade de lê-lo rs. Entre dois grandes livros (esse e o Morro dos Ventos Uivantes), confesso que gostei mais desse rs. Vc retratou seu ponto de vista e a história muito bem e adorei o final rs. =D

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  2. Nunca li o livro, mas já vi o filme inúmeras vezes e concordo com cada ponto de vista seu. Confesso que choro todas as vezes que vi, e acredito que chorarei sempre que ver.
    Com a sua análise, me deu vontade de lê-lo.. Colocarei na lista dos próximos livros a serem lidos, rs.
    Está de parabéns Julia.

    Veridiana Magalhães

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  3. Jú,
    Ainda não tive oportunidade de ler a obra, mas já assisti ao filme e é ótimo. Aposto que o livro é ainda melhor!!! Você relatou a história muito bem, não deixou nada a desejar.

    Bjss, Jéssica Ferrari

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  4. gente.. me interesseii.. nunca ia imagina q baseava na segunda guerra mundial. Quero le-lo. Muito boa sua resenha Julia. Beijos Thalita

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