domingo, 6 de novembro de 2011

O Caçador de Pipas POR JÉSSICA FERRARI


Título: O caçador de Pipas
Autor do livro: Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira
N° de páginas: 365

O passado... Acredito que ninguém dê muita importância a ele. “Vamos começar de novo” e “deixe o passado para trás” são expressões que ouço com frequência, e não as julgo como erradas, aliás, há pouco tempo pensava da mesma maneira. Após ler “O caçador de pipas”, posso dizer que minha concepção sobre o passado mudou completamente. Amir me ensinou que não podemos enterrá-lo, porque, de um jeito ou de outro, ele sempre escapa.

Amir, o personagem principal, é um escritor afegão e residente americano que relembra sua vida desde o inverno de 1975, quando tinha só 12 anos, e era apenas mais um garoto de Cabul com o sonho de vencer o campeonato de pipas, porém sua verdadeira paixão era escrever histórias de ficção. Hassan, cujos lábios eram leporinos, filho de Ali, era seu empregado, e amigo também, apesar de Amir nunca ter usado essa palavra, “amigo”.

Num dia nublado daquele inverno ocorreu o campeonato, evento mais esperado pelos afegãos. O curioso é que o mesmo não se baseava simplesmente no fato do dono da última pipa no céu ser considerado o campeão. Quando uma pipa caía, todos os meninos corriam para procurá-la, era uma espécie de troféu, tradição em Cabul. Amir, mais do que qualquer outro, queria ganhar, mas não desejava o título de melhor empinador de pipa da cidade, o que pretendia mesmo, era cativar seu baba (pai) e prová-lo que tinha valor.

 Ao ver o amigo vencer, o garoto dos lábios leporinos correu para procurar a mais disputada das pipas, a última a cair. Nesse momento notei que apesar de Amir narrar e protagonizar a história, o título do livro refere-se à Hassan, o verdadeiro caçador de pipas, que provava sua fidelidade àquela amizade dizendo “Por você, eu faria isso mil vezes”. Infelizmente essa fidelidade não era recíproca, e Amir deixa isso bem claro, quando assistiu, atônito, Assef e outros garotos espancarem Hassan.
Amir tinha consciência que aquilo estava errado, tanto que tentou se livrar da culpa que sentia, em outras palavras, tentou se livrar de Hassan. Para isso, escondeu o relógio que havia ganhado em seu aniversário na casa do empregado, pois como seu baba sempre dizia “roubar é o único pecado, os outros são apenas variações do roubo”. O tempo se passou e o Afeganistão não era mais o mesmo. Conflitos internos levaram Amir e baba a se mudarem para os EUA.

É incrível como o destino tem um jeito complicado de consertar as coisas... Em outro país, casado e com livros publicados, Amir recebeu um telefonema de Rahim Kham(velho amigo de baba), dizendo que deveria ir ao Paquistão, porque havia um jeito de ser bom de novo. Então as lembranças do inverno de 1975 “escapam” e retornam a vida de Amir, que passa a fazer de tudo para tentar reparar o passado. 

Maravilhada pela história, assisti ao filme, o que foi uma experiência decepcionante. Ele não se desprendeu da essência da obra, porém omitiu muitos fatos, cenas e até mesmo características dos personagens (Hassan sem lábios leporinos e Assef de cabelo escuro). Não foi tão fiel quanto eu imaginava, nada do que eu esperava.  Percebi que o fundamento da história permaneceu, por isso não deixou de emocionar e passar a mesma mensagem, contudo o roteiro me pareceu incompleto. Detalhes os quais me apeguei foram simplesmente atropelados. Declaro, contudo, que há possibilidades de eu estar sendo injusta e muito crítica, em virtude do livro ter me empolgado demasiadamente, e eu ter criado expectativas difíceis de serem atendidas.

Sem dúvidas, afirmo que O caçador de pipas foi um dos melhores livros que já li, pois fugiu de tudo que já havia visto, dos clichês dos livros “comuns”. A história que li esse mês me cativou de uma forma inexplicável, como a verdadeira amizade, que não se pode definir ou descrever.

4 comentários:

  1. Jess,

    Que resenha linda. Vc escrever bem disso todos sabemos rs, mas vc sempre me surpreende, ainda mais quando esse foi "um dos melhores livros que já leu" rs. Adorei. =D

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  2. Jess,
    Suas resenhas são ótimas de se ler, mas quando o livro te empolga, então que elas ficam lindas mesmo. Nem li o livro e já me senti tocada pela história e por seu sentimento em relação à ela. Além disso, os termos que você usou deixaram a resenha clássica.

    Júlia.

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  3. Jéssica...
    Há um pensamento de que gosto muito, de Kim Hubbard, que diz o seguinte: "Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você."

    Hassan era esse exemplo de amigo. Aquele que sabia que Amir era capaz de traí-lo, pois era covarde, medroso; que Amir não faria por Hassan mil vezes, o que o amigo faria por ele e mesmo assim o amava incondicionalmente.

    Eu faço suas as minhas palavras sobre o livro e o filme. É uma das mais belas histórias que li nos últimos tempos, exatamente por fugir do que estamos acostumados a encontrar nos romances atuais.

    A sua resenha foi melhor escrita, do que o enredo para o filme. Fantástica!;) Parabéns!

    Um abraço carinhoso
    Profª Regina

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