domingo, 6 de novembro de 2011

Morte e Vida de Charlie St. Cloud POR GABRIELA


Obra: Morte e Vida de Charlie St. Cloud
Autor: Ben Sherwood
Nº de páginas: 296
Editora: Novo conceito

Este não é um clássico universal, muito menos uma história em quadrinhos ou um simples conto. Também não é um romance comum. Morte e Vida de Charlie St. Cloud é muito mais do um livro com um contexto triste e um final feliz. Confesso que fiquei surpresa com os rumos da história em algumas partes. Não é aquela coisa que eu possa chamar de super interessante, mas é envolvente. 
A história de Charlie e Sam, a princípio com um final desastroso, se torna muito bonita. O amor que existia entre os irmãos, mesmo após a morte, faz com que eles fiquem conectados por uma promessa: todos os dias, ao pôr do sol, Charlie encontraria Sam num lugar escondido da floresta do cemitério onde trabalhava, e por ser um lugar escondido também era muito bonito, no qual ele mesmo tinha construído. Nesse encontro eles jogavam baseball e quando chovia faziam brincadeiras do tipo de escorregar na lama. Eram cenas lindas, imaginei cada detalhe, cada palavra. A forma como tudo era descrito no livro tornou tudo encantador.
Quando Sammy (e Oscar, o cachorro) morreram, Charlie também morreu, pois acabou ficando preso naquele cemitério, naquela pequena cidade. Ele não tinha uma vida própria, não fazia planos e acabou se esquecendo de como era ser feliz.
Por muito tempo eu fiquei presa ao passado, assim como Charlie, eu simplesmente não conseguia mudar, eu tinha medo. E em vários momentos me coloquei em seu lugar. As idades deles, o jeito como brincavam, eu imaginei se fosse comigo e minha irmã. Acho que não seria capaz de ser forte como ele foi, não diria só forte, a maior parte do tempo ele ficava sozinho e era nítido o quão frágil ele era.
Em alguns momentos eu achei estranho, porque não sou familiarizada com a questão de espíritos e fiquei um pouco assustada (confesso que tenho medo de fantasmas até hoje e isso me incomodou um pouco).
Após treze anos vivendo aquela rotina, Charlie, finalmente, conheceu alguém – não, alguém é muito rude para definir uma pessoa, ela era Tess Carroll – o que ele não sabia era que ficaria tão mexido. O primeiro encontro não foi lá tão emocionante, ela estava no cemitério reclamando com os coveiros que não cortaram os matos do túmulo de seu pai.
Realmente o amor nasce num momento inesperado, com uma pessoa inesperada, mas não deixa de ser lindo. Charlie e Tess foram, lentamente, se aproximando um do outro. Por isso prefiro livros a novelas, elas passam o tempo muito rápido o que perde toda emoção e fantasia. Por um lado, Tess não queria se envolver, pois sabia que dentro de uma semana estaria fazendo a regata, isso não foi possível, porque ela acabou não resistindo.   
Algumas coisas me deixaram confusa, como o primeiro encontro deles. Foi algo inusitado, porque ele não a conhecia e quando a via se apaixonou, só não sabia que ela era um espírito. Nem ela nem ele sabiam disso, só foram descobrir quando a notícia do acidente se espalhou pela cidade. O acidente que havia acontecido dois dias atrás com o Querência (barco que Tess pilotava). Na mesma hora Charlie percebeu que se estava vendo o espírito dela (ele via os espíritos dos mortos, não só o de seu irmão), ela estava morta. Era tão difícil ter que lidar com a dor novamente que Charlie não queria acreditar. Foram dias e dias de buscas sem resultado.
  Charlie estava quase abandonando o barco, quando encontrou um papel em que Tess dizia: “Venha me encontrar”. Esse bilhete foi deixado por ela em um dos encontros quando eles fizeram uma pequena brincadeira. Foi então que ele sabia onde ela estava, algo dizia pra ele.
Como no livro de Nicholas Sparks... foram noites de tormenta. Na verdade, apenas um dia. Não um simples dia, porque Charlie aceitou sua segunda chance e quebrou a promessa com Sam. Não foi uma situação muito bonita, mas eles já sabiam que um dia isso iria acontecer e esse dia havia chegado.
Três últimos capítulos... Eu lia, ouvia música e respirava fundo para que as lágrimas não caíssem. Parece uma combinação não muito boa, mas tudo estava tão profundo que eu percebi o quão bela é a vida.
Assistir o filme não foi uma ideia tão boa, eu já tinha programado tudo, as cenas que iriam ao ar, o que era desnecessário. Fiquei desapontada não como a forma da história foi conduzida, só achei que fizeram muitas mudanças (como não mostrar o cachorrinho e como fizeram passar cinco anos em vez de treze?), tudo bem, isso já era esperado, contudo, se eu tivesse a oportunidade teria feito um roteiro totalmente diferente, talvez um mais fiel ao livro, que pudesse transmitir as mesmas sensações, ou então que chegasse mais próximo. E confesso que se não tivesse lido o livro, não entenderia boa parte, provavelmente ficaria apaixonada pela história de amor de Tess e Charlie, mas com o livro me apaixonei por outra história: Charlie e Sam, irmãos para sempre. Não importa onde, nem quando ou nenhuma promessa, esse amor nada nem ninguém separa. É assim que me sinto em relação a minha irmã também. Aprendi a ser mais paciente com as implicâncias dela, só não sei se está funcionando muita coisa (não é irmãzona?! Rs). 
“O que eu faria se a vida me desse uma segunda chance?” Assim como Charlie, houve alguns momentos em que eu perdi a esperança, mas tive dois anjos que me salvaram, por isso acredito em milagres, acredito em Deus. Ler esse livro ainda me mostrou que é possível ter um final feliz.
“Mergulhe em busca de seus sonhos, confie em seu coração, se os mares explodirem em chamas (e viva pelo amor mesmo que as estrelas se movam para trás)”. – e.e.cummings.  

5 comentários:

  1. Gabi...
    Você já havia me mostrado sua resenha, mas foi maravilhosos relê-la. Adoro a forma como escreve e relaciona a história com si mesma. Acho que em todo livro que lemos encontramos, nem que seja, um pouquinho de nós mesmos.
    Bjoss,
    Jéssica Ferrari

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  2. Tive que ler ''Morte e Vida de Charlie St. Cloud'' para esse mês.
    Não farei muitos comentários na sua resenha, pois terei que fazer a minha.. E do jeito que curto falar, acabaria criando a minha resenha em um comentário.
    Só tenho que te parabenizar pela ótima resenha e dizer que me esforçarei para fazer uma a altura. Está de parabéns =)

    Veridiana

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  3. Gabi,
    Acho que, ou estou muito sensível, ou as resenhas desse mês estão extremamente emocionantes, porque já li esse livro e vi esse filme e não cheguei nem perto das suas interpretações tão profundas, talvez porque vc tenha se identificado mais com a história e o modo como vc comparou tudo com sua própria vida fez com que a resenha ficasse ainda mais rica. Apenas achei que você contou muito da história, revelou surpresas demais, estou apenas pensando nos que vão ler o livro esse mês,rs. Mas de qualquer modo, bela resenha.

    Júlia.

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  4. Obrigada pelos comentários meninas (minha autoestima fica lá em cima quando leio-os rs). E Veridiana, acho que nem precisa se esforçar tanto assim rs... você sempre se sai bem nesse desafio. Confesso que não esperava me envolver com essa história como me envolvi, espero que tenha tido um bom resultado rs.

    Bjss

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  5. Gabi...
    Há histórias que mexem tanto conosco como se nós fizéssemos parte delas ou elas representassem parte de nossa vida. Impressionei-me com esse livro. Quero lê-lo também um dia.

    Fico feliz por você ter lido-o e ter se identificado com a história e ainda por cima, por ele ter proporcionado um olhar pra sua vida, sua história, seu mundo, seu interior, suas reflexões e questionamentos...

    Enriquecemos a nossa vida assim: lendo livros, cujas histórias levaremos conosco; vendo filmes que nos inspiram; visitando lugares que jamais esqueceremos; encontrando pessoas que nos marcam e nem fazem ideia de como e quando isso acontece... Enfim, vivendo e aproveitando aquilo que julgamos ser bom e melhor pra nós!

    Seu texto ficou ótimo. Suas reflexões aguçam a nossa curiosidade em torno da história. Parabéns!

    Um abraço carinhoso
    Profª Regina

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