sábado, 6 de agosto de 2011

VIDAS SECAS por Jéssica Ferrari

Título: Vidas Secas    
Autor do Livro: Graciliano Ramos
Editora: Record
Nº de páginas: 126

Justificativa: Minha irmã havia me recomendado, e depois de ler a sinopse fiquei interessada pelo tema e pelo estilo dos romances deste autor.

Considerado o mais brasileiro dos livros de Graciliano Ramos, Vidas Secas é acima de tudo um relato da vida, das situações, e dos pensamentos de uma família que sofreu ao percorrer o interior do nordeste, no ano de 1938, com esperança de descobrir uma realidade melhor. Depois de uma longa caminhada pelas planícies do sertão, Fabiano, sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorrinha Baleia, encontraram um sítio vazio, aparentemente abandonado. Acostumados com aquele cenário, todos ali permaneceram, movidos pelo sonho comum de transformar a triste paisagem em uma vistosa fazenda. 

O autor dedica, então, um capítulo a cada personagem, e nele o caracteriza como um todo, descrevendo suas características, ideias, opiniões e dúvidas. Fabiano tinha uma visão de si mesmo, revelando-se bruto, um animal, tanto que preferia estar próximo destes ao invés de humanos. Era um homem de vocabulário limitado, que se comunicava com frases simples e curtas. Sinhá Vitória era uma mulher batalhadora. Sua maior vontade era possuir uma cama digna de uma pessoa, como a de Tomás da bolandeira (um antigo conhecido), e não uma confeccionada de varas, como era seu caso. 

Na definição dos dois filhos, o leitor tem a impressão de que estes não estavam informados sobre o que se passava com a família, demonstrando certa inocência. Eles não interferiram na história como os demais, tanto que seus nomes nem foram citados. Não foi o mesmo que aconteceu com a cachorrinha Baleia. Ela era como da família, tinha sentimentos e percepções, talvez mais do que os seres humanos.

Dentre os capítulos, “Festa” me agradou muito. Nele, a família tenta se vestir como “gente da cidade”, para ir a mesma passar o Natal, porém logo tiraram os sapatos e agiram normalmente, mostrando quem realmente eram e como se comportavam. Nesse evento percebe-se que tanto Fabiano e sinhá, quanto seus filhos estavam determinados a serem eles mesmos e ninguém mudaria isso.

O autor também fez críticas sociais quando se referiu às condições do nordeste e ao autoritarismo do governo na ditadura Vargas, no momento em que Fabiano é preso por um soldado amarelo.

Durante a leitura o dicionário foi um grande amigo, e a atenção também me fez companhia. Fiquei impressionada com a tamanha imprevisibilidade de Graciliano Ramos. Além disso, ele se demonstra sentimental e compreensivo na obra.

Termino destacando a última sentença do livro: “O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos...”. O drama do primeiro capítulo repete-se no último, e a frase não diz ao certo o que aconteceu com os retirantes, mas expõe o desejo destes de chegar e explorar uma nova e civilizada terra.

4 comentários:

  1. Jess,
    Adoro a forma como vc organiza as ideias, e realmente achei interessante a história. Esse seria um livro do qual eu não leria, mas lendo sua resenha pude mudar de ideia. A história da cachorrinha Baleia me encantou rs.

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  2. Jéssica,

    Você tem um estilo único de escrever. Escreve de um jeito refinado, simples e gostoso de ler. Consegue nos dizer o necessário de uma forma envolvente e nos leva a conhecer a história lida de maneira espetacular.

    Isso é mérito seu! Sempre muito interessada, faz ótimas escolhas também em suas leituras. Parabéns, escolheu um belo clássico brasileiro.
    É uma história típica do nosso sertão brasileiro contata por um dos nossos renomados escritores da 2ª geração modernista.

    Ótimo desafio pra você!!

    Um abraço
    Profª Regina

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  3. Obrigado pelos comentários. Confesso que no começo estava receosa de ler um livro de Graciliano Ramos, mas fiquei encantada com o estilo deste maravilhoso autor.

    Jéssica Ferrari

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  4. Tenho que ler esse livro para um trabalho... Ótima resenha!

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