domingo, 7 de agosto de 2011

A HORA DA ESTRELA por Veridiana


A Hora da Estrela não é um livro muito fácil de ler, confesso. Requer atenção, tempo e gosto. Como o livro é dividido em duas camadas, duas dimensões, a nossa mente tem que estar voltada inteiramente às palavras escritas por Clarice Lispector.

O narrador seria a primeira dimensão, onde o próprio nome diz, ele narra os fatos e retrata todos os acontecimentos voltados a Macabéa, uma jovem vinda de Alagoas. Ele questiona o tempo todo o seu modo de narrar, de pensar, até mesmo de criticar... Mas isso não atrapalha o que pretende contar sobre a jovem nordestina. É ai que entra a nova dimensão, Macabéa! Do Nordeste para o Rio, morava com quatro amigas e trabalhava como  datilógrafa (péssima por sinal). Alimentava-se mal, cheirava mal, vivia mal... Uma mulher que não chama muito a atenção de quem passa por ela, e se fosse nos tempos de hoje, com certeza sofreria bulling. Não fazia a menor idéia de quem era, e de quem queria ser... Acomodada!  Posso afirmar sem medo de errar, que Macabéa era nada mais, nada menos que uma plácida. 

Vamos levar em conta que ela foi trocada por sua amiga (cujo significado não cabe muito bem a pessoa com quem seu ex está saindo) e que foi atropelada, por uma Mercedes Benz. Tá ai, a felicidade estrangeira na qual a cartomante havia dito! Fez-se então a “hora da estrela” um momento de libertação, de renovação.

Narrador e protagonista, juntos tecendo a vida de Macabéa... Cuja história escrita de forma imprevisível e incoerente; unindo-os fez-se com que a jovem conhecesse sua própria identidade. (E vamos combinar, que falar sobre si mesma 'sempre será um lamento, uma lástima, uma verdadeira tragédia. Entender que nunca saberemos tudo é o primeiro passo para a perfeição utópica) e deixada esta fase, posso dizer que...'

... É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Clarice Lispector.

5 comentários:

  1. Veridiana,
    Gostei muito da sua resenha. Adoro a forma como vc vê os fatos e os transcreve para a resenha. Apesar dessas duas dimensões, acho que vc conseguiu entender muito bem o livro e parece ser bem interessante tbm. =D

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  2. Veriadiana, que você lê muito e gosta de ler eu sei! Mas eu queria ser um mosquitinho vendo você ler esse livro aí!rsrs

    Só lembrando que estamos sendo desafiados a ler, não é mesmo? E pra quem gosta de ler onde está desafio? Penso que está em ler o que não estamos habituados a ler. Por exemplo: romance de banca, clássico universallivro bíblico, ... rsrs. E você foi desafiada a ler a nossa 'tão falada em sala de aula', CLARICE LISPECTOR. E lê-la realmente não é fácil. É um desafio ao quadrado, é pra quem gosta de ler mesmo!

    Os meus parabéns por isto: por gostar de ler, por aceitar o desafio e por ler A HORA DA ESTRELA!

    Talvez não tenha entendido muito bem as dimensões da história e isso não importa. Tenho certeza de uma coisa: não esquecerá tão fácil da Macabéia. Ela é tão insignificante que marca, e sua placidez - como você descreveu - incomoda.

    Esse é o diferencial de Clarice Lispector, não é o fato e nem a personagem que marca, mas como ela nos apresenta tais fatos e tais personagens, segundo 'dimensões' que lhe são particulares, próprias, únicas - somente como ela o sabe ser!

    Bjs
    Prfª Regina

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  3. Digo que foi um desafio e tanto ler este livro, acho que de tão desafiante, nem preciso ler os do próximos mês em Regina.. Rs.

    Obrigada, espero mesmo ter transmitido e decifrado um pouco do livro.

    Veridiana

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  4. Ficou boa sua resenha,gostei!!

    ArthurZ.M.

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  5. Ai Veri, eu sempre elogio seus textos, você escreve muito bem!

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