No mês de agosto, esta foi a proposta: ler um livro bíblico. E como sempre, cada aluno teve o seu critério para escolher. Dessa vez não tiveram a capa para observação como um recurso na escolha, mesmo assim, teve de tudo: ‘acho a história de Moisés interessante’; ‘sugestão da professora’; ‘já assisti uma série na tv sobre essa história’; ‘escolhi um dos livros menores, para facilitar na hora de fazer a resenha’; ‘tenho um afilhadinho que se chama Daniel... acho que a história será linda como meu bebê’; ‘nesse livro há alguns dos meus textos bíblicos favoritos’; ‘pedi uma indicação à vovó, e esse foi o mais interessante’...
Após escolha e leitura feitas, recebo as resenhas. Junto delas alguns comentários:
“Misericóoordia do meu textoo. Tem piedade de miim!!!”
“É difícil escrever resenha de livro bíblico, sabia?”
“Está aí, Regina, e devo admitir que é muito mais difícil que ler e falar sobre ‘A hora da estrela’. rs”
“Fuu, não gostei nada disso.. sem inspiração nenhuma..”
“As dúvidas de como escrever a resenha deste mês foram muitas, acredito que esse é provavelmente nosso maior desafio.”
E entre uma fala e outra, eis que alguém me ‘desafia’:
“Se fosse pra você fazer, como começaria?rs”
Rio, penso um pouco, tento me colocar no lugar da aluna. Abro uma página em branco e começo a digitar:
“Além de sermos desafiados a ler um livro bíblico – leitura não muito comum entre nós adolescentes – e encarar a leitura de livros escritos há anos (tão longínquos que minha imaginação não é capaz de mensurar), também fomos desafiados a entender uma linguagem peculiar, para não dizer complexa, como a linguagem bíblica. Ainda por cima escolhi um livro bastante rico em histórias: inicia-se com os seis dias da criação – relata a origem do mundo e da humanidade e depois segue-se a origem do povo de Deus, por isso o livro por mim escolhido é denominado Gênesis, que significa nascimento, origem.”
Escrevo apenas esse começo, espero ajudá-la e recebo o seguinte comentário:
“Muito bom, mas com certeza não começaria assim”
Acho que perguntei por que, e ela acrescenta:
“Algumas palavras não usaria por serem um tanto extintas do meu vocabulário...”
Disse mais alguma coisa, das quais não me lembro, mas somente o fato de dizer que algumas palavras usadas por mim, nesse parágrafo inicial, já tinham sido extintas do seu vocabulário já me fez rir bastante.
Tais comentários a respeito das resenhas desse mês me fizeram escrever esse texto para abrir as postagens a respeito do livro bíblico lido. Por não serem livros que seguem estilos literários comumente lidos por nós e também por não termos o hábito de ler a bíblia, é natural que tenhamos dificuldades em resenhar as histórias lidas. Concordo com a aluna que disse que provavelmente escrever a resenha seja mais desafiante que ler o livro da Bíblia.
Não basta apenas ler, é preciso entender, sintetizar as várias histórias em uma e tentar organizar as ideias. Dependendo da linguagem da Bíblia lida isso é um desafio e tanto, pois pode conter nela muitas palavras ‘extintas’ do nosso vocabulário. Afinal, alguém pode nos 'traduzir' a seguinte frase: “aprouve a Dario estabelecer sobre o seu reino cento e vinte sátrapas"? rs
Vejamos então, como foi o desafio esse mês. Confiram as resenhas nas próximas postagens.